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Covid-19: Aumento dos casos é “expectável” mas não é razão para “pânico”. Situação na Europa não deve ser “decalque para Portugal”

Portugal está neste momento numa fase de crescimento do índice de transmissibilidade e os casos também têm subido nos últimos, ainda isso não é razão “para pânico”.

Especialistas ouvidos pela Multinews consideram que a situação “é expectável”, tendo em conta o desconfinamento, mas não deve ser alarmante e sublinham que a atual situação na Europa deve ser “decalque para Portugal”, porque as circunstâncias são diferentes.

Números são “expectáveis” e surgimento de nova vaga “é prematuro”

Gustavo Tato Borges, da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, refere que “o Rt tem subido e andado à volta de 1. Estamos a falar de uma variação perfeitamente expectável para esta altura do ano, tendo em conta a diminuição da implementação de medidas restritivas e o regresso à normalidade de quase todos os setores”.

“Medidas como fim do uso obrigatório de máscara, aumentaram a possibilidade existirem contactos de alto risco, o que faz com que haja cada vez mais doença”, afirma, ressalvando contudo que “este aumento não se tem traduzido numa subida muito grande dos casos, que justifique para já uma tomada de medidas drásticas, ou legislativas que obriguem as pessoas a fazer seja o que for”.

Para o responsável, “esta fase é expectável, estamos a acompanhar e é preciso ver mais para a frente se será necessária a implementação de medidas”, indica sublinhando que “o uso de máscara em espaços fechados continua a ser altamente recomendado, para que possamos minimizar a possibilidade de aparecimento de casos.”.

Questionado sobre se este aumento poderia conduzir a um ressurgimento da doença, ou até mesmo uma nova vaga, Gustavo Tato Borges diz que “devemos estar sempre preparados para que alguma dessas situações possam acontecer”. Contudo, “nesta fase é prematuro estarmos a falar do aparecimento de mais uma vaga”, ressalva.

“Tendo em conta a nossa cobertura vacinal e o civismo dos portugueses, não penso que iremos ter uma situação tão dramática como aconteceu nos últimos meses”, adianta referindo que os números atuais “não auguram uma situação muito negativa”.

Vacinação com terceira dose pode ser “um desafio”

Da mesma opinião é Bernardo Gomes, professor na Faculdade de Medicina e no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto. “É natural que nos aproximemos do limiar dos mil casos, de forma paulatina. Neste momento estamos ainda a encaixar toda aquela questão da abertura do início de outubro”, refere.

“Era expectável que passados 15 dias da abertura se verificasse esta diferença, notou-se um aumento da transmissibilidade. A partir daqui o Rt está a subir, as vacinas estão a fazer o seu papel, temos uma certa estabilidade nos internamentos”, indica sublinhando que se espera agora “um aumento de casos, mas que não se reflete num aumento tão evidente de internamentos”.

Ainda assim, o responsável fala num “desafio” existente: “Já é sabido que a vacina poderá precisar de um reforço, por isso nesta altura estamos numa corrida para vacinar os mais vulneráveis, que podem estar mais sob risco nos próximos tempos”, adianta.

Bernardo Gomes volta a sublinhar que, apesar de tudo, nas circunstâncias atuais não se espera “um cenário tão mau como vivemos no passado. Contudo, julgo que é importante haver uma comunicação para haja cautela, porque isto ainda não acabou”, alerta chamando também a atenção para “a questão da ventilação e dos testes rápidos, para rastrear pessoas de risco antes de se ter qualquer contacto”.

Doença está “muito menos perigosa do que princípio”

Henrique Oliveira, matemático, investigador e professor no Instituto Superior Técnico (IST), explica que na quarta-feira “tivemos uma decomposição dos casos do fim de semana, não foi nada de preocupante”, mas esta quinta-feira “já houve uma confirmação do número e casos elevados, que pode afetar a subida da incidência”.

“Ainda assim, a doença tem muito outros fatores para além da incidência e os nosso indicadores mostram que está muito menos perigosa do que no princípio”, afirma sublinhando que “apesar de estar a subir a incidência – o que tem que ver com a abertura das universidades e das discotecas – esse crescimento não é muito preocupante”.

Isto porque, esclarece, as faixas onde acontece a subida (mais jovens), não são perigosas em termos de severidade da doença”. Por outro lado, “as faixas etárias mais idosas estão muito vacinadas, de modo que eu não estaria absolutamente nada em pânico. Mas claro, é preciso olhar com atenção, para não desperdiçar os ganhos enormes que já tivemos”, alerta.

“Temos de continuar a ter prudência na observação dos números, usar máscara em espaços fechados e ver o que acontece com achegada do inverno”, mas “eu não estou preocupado, não vamos ter grandes problemas”, reforça alertando também para a vacinação com a terceira dose, daqueles com sistema imunitário mais fraco”.

Situação na Europa não deve ser exemplo 

Por último Tiago Correia, professor de saúde internacional do Instituto de Medicina e Higiene Tropical, mostra ter mais dúvidas quanto a esta nova fase pandémica.

“Ninguém sabe exatamente como vai ser o comportamento deste vírus, agora no Outono. Eu achei que após as férias de verão haveria um aumento da incidência que não se verificou”, sublinha. “Se está a acontecer ou não agora, ainda não é claro, mas é possível. Se é uma nova onda, isso está muito menos claro. Precisamos mesmo de mais semanas”, refere.

Para o responsável é difícil perceber o porquê deste aumento. “Os comportamentos relaxaram-se a partir do verão, não foi a partir de agora”, até porque o alívio de dia 1, “foi mais formal” do que prático. “As dinâmicas já estavam estabelecidas e não acho que tenha sido esse alívio” a causar o aumento, reitera.

O especialista refere-se ainda à situação vivida nos outros países da Europa – onde os casos têm vindo a aumentar exponencialmente – adiantando que “o que está a acontecer, a meu ver, não deve servir de decalque linear para Portugal, porque o argumento desses países é que a incidência está a aumentar em virtude de o processo de vacinação estar estagnado, o que não é verdade” no nosso país.

“O que está a acontecer na Europa não é mesmo nada claro que aconteça em Portugal”, afirma. “Se temos 86% da população vacinada, em teoria não iria acontecer um aumento da incidência, no entanto, o Rt já está acima de 1 há alguns dias, por isso a incidência deve aumentar, agora se vai ser um aumento sustentado e com o ritmo de intensidade dos outros países, não se sabe”, reitera.

Tiago Correia indica que “Portugal passou agora a ser um laboratório para o mundo, aquilo que nós fazíamos em relação a Inglaterra ou Israel, era tentar perceber o impacto da vacinação na redução da doença. Agora a dúvida é qual o impacto da vacinação no ritmo de trsbsmissão e na evolução da doença”, conclui.

Fonte
sapo.pt
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