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“A perda de controlo é evidente”: Elite russa perde confiança em Putin após rebelião do Grupo Wagner Por Pedro Zagacho Goncalves

oi até agora , talvez, um dos maiores desafios à presidência de Vladimir Putin, que está no cargo há 23 anos, na Rússia. A rebelião do Grupo Wagner, que motivou um discurso do líder russo esta terça-feira, agitou as águas e instalou a crise no Kremlin.

Em Moscovo, a elite russa questiona se o presidente perdeu em algum momento o controlo do país. No primeiro discurso após o episódio, que terminou com Prigozhin a ordenar a retirada, depois de negociar com Lukashenko e alegadamente mudar-se para a Bielorrússia, Putin agradeceu a “unidade e patriotismo”. A mesma “unidade” foi referida no discurso seguinte, onde agradeceu aos militares por terem travado “uma guerra civil”.

Mas mesmo sem se concretizar, esta rebelião teve efeitos devastadores nos dois pilares que suportam a imagem do Presidente Putin perante a Rússia: a estabilidade e a força.

Entre as elites, fica claro que o líder não sai incólume do episódio, e questionam até se poderá recuperar. Há quem garanta que já se procura um sucessor.

“Putin mostrou a todo o mundo, e à elite russa, que não é ninguém e que não é capaz de nada. è um colapso total da sua reputação”, indica ao Washington Post um empresário influente moscovita.

O círculo mais próximo de apoiantes de Putin questiona como é possível que a força mercenária Wagner conseguiu tomar tão facilmente Rostov-on-Don e depois seguir centenas de quilómetros na estrada até Moscovo, sem qualquer resistência.

“Estão a ser jogados jogos que ninguém entende. O controlo do país foi parcialmente perdido”, lamenta um oficial diplomático russo de topo.

“Como é possível que conduzam tanques durante centenas de quilómetros, até às portas de Moscovo, e não terem sido parados?”, questiona outro bilionário russo, ouvido pelo mesmo jornal.

Prigozhin, segundo os áudios revelados na segunda-feira, pretende continuar a controlar as operações do grupo a partir da Bielorrússia, onde já estará instalado.

Os ataques do líder do Grupo Wagner às Forças Armadas da Rússia, bem como as críticas apontadas, não auguram uma ‘união’ pacífica.

“Tudo mostra que o país não está a ir na direção correta. Se nada mudar, [uma rebelião] vai voltar a acontecer certamente”, considera Sergei Markov, um consultor político com ligações ao Kremlin.

Mas pior do que o desafio à liderança de Putin encetado pelo Grupo Wagner, especialistas afirmam que foi o facto de Putin optar pela via de um acordo, e não arriscar uma batalha sangrenta, que mais prejudicou a sua imagem.

“Para a elite, isto foi muito problemático. No ponto de vista deles, Putin pareceu fraco e deu a imagem de uma figura que ficou assustada e foi forçada a um compromisso. Mas no ponto de vista subjetivo, Putin saiu da situação com relativo sucesso, visto que a alternativa seria uma batalha às portas de Moscovo, que seria pior”, diz Tatiana Stanovaya, consultora política russa e fundadora da R.Politik.

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