Muito apreciada pelos portugueses, que não passam sem ela nos meses de maior calor e de festas populares, é um peixe gordo, saudável e nutritivo, rico em proteína e ómega-3, sendo também uma importante fonte de cálcio. Selénio, fósforo e vitamina D são outros dos nutrientes que também encontra neste peixe, que além de reduzir o risco de doenças cardiovasculares e de Alzheimer, também ajuda a combater a depressão.
Alguns estudos internacionais apontam uma relação entre o consumo de peixes gordos como a sardinha e a diminuição da incidência de artrite em pessoas que sofrem desta patologia. A American Heart Association (AHA) recomenda mesmo a ingestão deste tipo de alimento pelo menos duas vezes por semana. A sardinha, que se distingue ainda pelo seu teor de vitaminas do complexo B, tem outros benefícios.
É uma excelente fonte de ácido eicosapentaenóico (EPA) e de ácido docosahexanóico (DHA), dois ácidos gordos da família dos ómega-3. Estas substâncias promovem o bom funcionamento do sistema imunológico, do sistema circulatório e dos sistemas hormonais. Vários estudos clínicos e epidemiológicos internacionais demonstraram que o consumo de ómega-3 oriundos de peixes gordos melhoram a saúde cardíaca.
Tal como a cavala, o salmão e outros peixes gordos, as sardinhas exercem efeitos benéficos sobre a saúde cardiovascular, contribuindo para uma redução da mortalidade por doenças cardiovasculares, uma vez que reduzem a pressão sanguínea, tal como a presença de triglicéridos no sangue e a formação de coágulos sanguíneos, reduzindo assim o risco de aterosclerose, uma doença que pode ser prevenida desta forma.
O que uma porção de sardinhas fornece
Uma porção de 100 g de sardinhas fornece cerca de 1 g de ómega-3, sendo a sardinha um dos seis peixes mais ricos em EPA e DHA, juntamente com a truta, a cavala, o atum, o arenque e o salmão. O conteúdo lipídico e de ómega-3 varia, contudo, consoante a época. É mais rica em lípidos no verão, daí ser sobretudo consumida em Portugal nos meses de maior calor e tradicionalmente associada aos festejos dos santos populares.
Além de ácidos gordos, este peixe representa uma importante fonte de proteínas completas, porque contém os nove aminoácidos essenciais de que o organismo necessita. Os resultados de um estudo internacional mostraram que o consumo desta proteína aumentou a fibrinólise, além de prolongar o tempo de coagulação do sangue. Estes dois efeitos complementares podem ser benéficos para os indivíduos em risco de trombose. O fósforo presente na sardinha também ajuda a manter ossos e dentes saudáveis.
A par de vitamina B3 e de selénio, que combate os radicais livres, é também uma fonte de ferro, sobretudo para as mulheres, que têm uma necessidade diferente da do homem deste mineral, necessário para o transporte de oxigénio e para a formação de células vermelhas do sangue. Também desempenha um papel na produção de novas células, hormonas e neurotransmissores, mensageiros em impulsos nervosos.
Por que é que as mulheres devem (mesmo) comer sardinhas
A sardinha é ainda uma importante fonte de zinco para as mulheres, bem como de cobre, necessário para a formação de hemoglobina e de colagénio, substância utilizada para a estrutura da proteína e para a reparação de tecidos no corpo. Algumas das enzimas que este peixe contém cobre também contribuem para a defesa do organismo contra os radicais livres, retardando os efeitos do envelhecimento.
Em termos práticos e objetivos, o seu valor nutritivo, sobretudo grelhadas, é inegável. 100 g de sardinhas contêm, em média, cerca de 208 kcal, cerca de 24,6 g de proteínas e 11,5 g de gordura, sendo dessa 1,5 g de gordura saturada, cerca de 3,9 g de gordura monoinsaturada, cerca de 5,2 g de gordura polinsaturada e 142 mg de colesterol, o que exige todavia alguma moderação no que se refere ao seu consumo.
As mulheres grávidas e as sardinhas
Durante a gravidez, a necessidade de nutrientes é maior. As mulheres grávidas devem, portanto, fazer o mais possível para garantir uma dieta variada, apostando sobretudo em alimentos naturais, evitando as confeções gastronómicas industriais. De acordo com os nutricionistas, as sardinhas representam uma excelente fonte de cálcio, vitamina D e ferro, três nutrientes essenciais para a saúde da mãe e do feto.
Além disso, o elevado conteúdo de ómega-3 e de ácidos gordos presentes nas sardinhas permite o desenvolvimento neurológico do feto. Se somarmos a isso o seu elevado teor de proteínas, obtém-se um excelente alimento para comer durante a gravidez. Uma das melhores formas de as saborear é assadas, grelhadas na brasa, servidas com batata cozida e um fio de azeite, além de uma salada de tomate, pepino e cebola.
Como escolher as melhores sardinhas
A sardinha fresca, que muitos consideram a melhor, distingue-se pela sua carne firme e por uma aparência brilhante. Como este é um peixe bastante delicado, deve ser manuseado com cuidado, pois a pele tende a rachar e o seu interior a abrir. Tradicionalmente, ingerem-se assadas ou grelhadas, temperadas apenas com sal grosso, com batata cozida com a pele e salada de tomate, alface e pimentos grelhados.
FONTE Luisa Batista Gonçalves SAPO.PT