“O mundo sabe que pelo teu amor, eu sou doente. Farei o meu melhor para te ver sempre na frente”. Eram quase 3h00 da manhã quando, na Rotunda do Marquês de Pombal, bem no centro de Lisboa, se viveu um dos momentos mais arrepiantes da festa do 20.º título de campeão nacional de futebol do Sporting: em uníssono, jogadores e staff cantaram com os milhares de adeptos ali presentes para os aplaudir aquele que é desde há uns anos para cá um dos hinos do clube e que acompanha a equipa no início de cada jogo em Alvalade.
Antes e depois, outros momentos marcantes houve, de celebração de um título anunciado e este domingo confirmado. Por volta das 20h30, hora em que começava o encontro do Benfica, já se viam por ali alguns adeptos, esperançosos de que este seria mesmo – como foi – o dia da festa. E, à medida que de Vila Nova de Famalicão vinham chegando boas notícias para os leões, mais adeptos se iam juntando na zona. A confirmação chegou por volta das 22h30: o Sporting era novamente campeão nacional, outra vez pela mão de Rúben Amorim, três anos depois da conquista do último título.
Sair à rua para festejar de novo, desta vez ‘à séria’
Desta vez, os sportinguistas não tiveram de esperar mais de 19 anos para voltar a festejar. O último título ainda estava fresco na memória. Tinha sido em 2021. Mas a verdade é que esse anterior festejo tinha sabido a pouco, condicionado pelas restrições que a pandemia de COVID-19 ainda ditava na altura. Por isso – ou simplesmente porque o futebol tem esse condão de mover multidões – mal ficou confirmada a derrota do Benfica em Famalicão, os adeptos do Sporting saíram à rua.
Houve quem – mesmo sabendo que a espera seria grande – fosse de imediato para o Marquês, zona que passou a receber os festejos dos títulos de campeão dos clubes de Lisboa desde que, em 1999/2000, Ivaylo Iordanov, então capitão do Sporting, colocou um cachecol verde e branco no leão que naquela praça acompanha a estátua de Sebastião José de Carvalho e Melo.
Outros houve que preferiram começar por ir para o Estádio José Alvalade, de onde saíram os autocarros com os jogadores. e seguir depois a partir daí em cortejo até ao local dos festejos. Fosse qual fosse o ponto de partida, o destino, para os adeptos leoninos, era o mesmo: a rotunda do Marquês de Pombal. Pelo caminho iam deixando um rasto de alegria, pintando as ruas em tons de verde, rebentando foguetes, acendendo tochas e cantando pelo seu clube e pelos seus ídolo
Mar de gente à espera dos heróis
Por volta das 0h00 era já um mar de gente à espera dos jogadores e restante comitiva verde e branca no Marquês. Nem a minuciosa revista de que eram alvo por parte da muita polícia ali presente tirava a vontade de estar ali àqueles muitos milhares de pessoas. Mas ainda tiveram de esperar.
Enquanto os autocarros não chegavam, a animação crescia. Música, imagens da festa entre os jogadores, cânticos do clube, tudo servia para entreter. Houve até uma mulher a sobrevoar a zona num balão de ar quente com bandeira do Sporting.
Foi mais ou menos por essa altura que os jogadores partiram nos autocarros panorâmicos rumo ao Marquês. A um ritmo lento, com muita festa pelo meio, ao longo de ruas pintadas de verde e branco. Até que, enfim, chegaram. Eram já 1h30 da manhã. Mas, mesmo sendo domingo e segunda-feira ser dia de escola ou de trabalho, ninguém arredava pé.
O herói Gyokeres, os ‘dentes’ de Paulinho, o repto de Coates e o discurso de Amorim…com direito a ‘mic drop’
Chegados ao local da festa os heróis foram sendo chamados um a um ao palco, pela ordem do número das suas camisolas (com uma exceção, já lá vamos) à medida que iam sendo ovacionados, enquanto as suas imagens eram projetadas na estátua do Marquês de Pombal, no centro da rotunda. A primeira grande ovação foi para o camisola 9, melhor marcador da equipa e talvez a grande figura da equipa esta época: Viktor Gyokeres.
Muito ovacionado, depois, foi também Paulinho, com os adeptos sportinguistas a fazerem questão de lhe cantar a música que dedicam ao avançado sempre que este marca um golo. Foi, sem dúvida, um dos momentos altos da festa.
Mas outro não tardou. É que o último jogador a subir ao palco – a tal exceção – foi o capitão, Seba Coates. O uruguaio pegou no microfone e fez a delícia dos adeptos com um repto a Rúben Amorim para que este continue em Alvalade, ensaiando mesmo um cântico com as palavras ‘Fica Amorim’ que depressa contagiou os sportinguistas ali presentes.
Coates passou, então, o microfone ao próprio Amorim, que bem disposto e visivelmente feliz, brincou com a recente viagem a Londres e, mesmo não garantindo que ia permanecer no clube, encantou tudo e todos com as suas palavras, recordando o tempo de espera que o Sporting tinha, antes, vivido por um título de campeão, lembrando o título de há três épocas e aludindo à conquista do bicampeonato, objetivo para a próxima época.
“Malta, vamos despachar isto que tenho um avião para amanhã bem cedo para apanhar. Tinha esta piada preparada. Diziam que só éramos campeões de 18 em 18 anos. Disseram que só ganhámos o campeonato porque não tínhamos público e agora dizem que jamais seremos bicampeões outra vez. Vamos ver…”, disse, levando os adeptos à loucura antes de largar o microfone em grande estilo.
O Mundo Sabe Que, Marcha do Sporting, We Are The Champions…e festa até às tantas
A festa, porém, não se ficou por aí. Seguiu-se o tal momento arrepiante, com jogadores e adeptos a cantarem ‘O Mundo Sabe Que’, antes de se fazer ouvir também a Marcha do Sporting.
Depois, o fogo de artifício, em tons de verde, claro, por entre os raios lazer esverdeados que pintavam já o céu. Tudo ao som de ‘We Are The Champions’, dos Queen, hino inevitável de ocasiões como esta.
O relógio já apontava para as 3h00 da manhã e a festa ainda durou mais algum tempo. Mas, aos poucos, os sportinguistas começaram a rumar a casa. Afinal de contas, amanhã (hoje) é dia de escola e de trabalho. Para onde os adeptos verdes e brancos irão, certamente, com um sorriso no rosto, quando acordarem (se é que, alguns deles, foram sequer dormir…).