Preços dos imóveis novos e usados mais próximos

Dados do INE mostram que a diferença de custo entre as duas categorias de casas está a diluir-se

No final de 2016, a diferença do preço mediano por metro quadrado (m2) entre uma casa nova e uma usada na freguesia de Alvalade, em Lisboa, era de €917, mas no final do ano passado as casas usadas passaram a custar mais €159 do que as novas. O mesmo aconteceu nas freguesias do Areeiro, Carnide, Parque das Nações e Santa Clara, ainda que com valores menos expressivos. E acontece ainda nos municípios de Castro Marim, no Algarve, e de Vale de Cambra, na Área Metropolitana do Porto (AMP), onde uma casa usada custa, respetivamente, mais €22 e mais €63 por m2 do que uma nova.

Esta leitura dos dados mais recentes publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em relação aos preços medianos da habitação em Portugal mostra bem que a diferença entre as casas novas e as usadas está a diluir-se e que, além destes casos em que as usadas chegam a ser mais caras do que as novas, há outros em que a diferença de preços é muito pequena ou mesmo irrisória.

É o que se passa nas regiões do Ave, Tâmega, Aveiro, Beira Baixa, Alto Alentejo e Alentejo Central, onde a diferença do preço mediano por m2 entre uma casa nova e uma usada é inferior a €100. No Alto Alentejo, por exemplo, é de apenas €55.

O mesmo acontece em Mafra, na Área Metropolitana de Lisboa (AML), onde a diferença por m2 é de €91, ou em Aljezur e em Silves, ambas no Algarve, onde é de €81 e de €54, respetivamente. E em Santo Tirso, na AMP, o preço por m2 de uma casa usada é apenas €10 menos do que o de uma nova.

Claro que há situações em que a diferença é superior, mas pelas contas do Expresso, com base nos dados do INE, a maior parte desse diferencial oscila entre os €150 e os €400. Aliás, o preço mediano por m2 de uma casa usada em Portugal no final de 2017 (€909) é apenas €155 mais baixo do que o preço de uma nova (€1064).

Só ao nível das freguesias é que se nota mais a distinção entre o valor de uma casa usada e de uma nova.

Parece estranho, mas esta realidade é facilmente explicável. “Durante muitos anos, até antes da crise, não se fez construção nova, e isso causou muita pressão nos preços das casas usadas, que são a maior parte do mercado”, diz ao Expresso o diretor da consultora Prime Yield, Nelson Rêgo. Só nos últimos três anos é que se começaram a reabilitar mais casas e só agora é que começa a surgir, timidamente, alguma construção nova, muito concentrada nos centros históricos de Lisboa e do Porto.

Até em Lisboa, onde há uma maior oferta de casas novas e onde se verifica “a maior diferença entre os preços dos alojamentos novos e dos alojamentos existentes (€757 por m2), observou-se que o diferencial foi inferior ao verificado no terceiro trimestre de 2017 (€763 por m2)”, pode ler-se no relatório do INE. E, se se comparar com o quarto trimestre de 2016, a diferença é ainda maior (€778 por m2).

Preços continuam a subir

Os dados do INE divulgados esta semana mostram ainda que os preços medianos por m2 das casas vendidas em Portugal continuaram a subir em quase todas as regiões, sendo que essa realidade foi mais expressiva em Lisboa e no Porto, onde os preços aumentaram, respetivamente, 18,1% e 17,6% entre 2016 e 2017.

Quase sem surpresa, o maior aumento de preços registou-se na freguesia de Santo António, que inclui a Avenida da Liberdade e áreas adjacentes. Aqui, os valores por m2 cresceram 54,3%, para €3827, e são agora os mais altos da capital. Seguiu-se a freguesia da Misericórdia, onde o aumento foi de 30,3%, para €3520, e depois São Vicente, com um crescimento de 30%, para €2667.

No Porto aconteceu o mesmo, já que o maior aumento (35,7%) verificou-se também no centro histórico, que é agora a zona mais cara da cidade.

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