Nelson Évora, primeiro o Mundo e depois a Europa

O atleta português Nelson Évora sagrou-se este domingo campeão Europeu de triplo salto, completando o ramalhete universal ao ar livre: Olímpicos (2008), Mundiais (2007) e agora Europeus. Salto de 17,10 metros valeu ouro em Berlim

Nelson Évora conseguiu a 12.ª medalha da carreira em torneios internacionais, a 7.ª de ouro, ao vencer o triplo salto nos Europeus de Berlim com um salto de 17,10 metros, superando a melhor marca pessoal do ano (17,05m), que era a terceira da Europa atrás da de Pedro Pichardo, o cubano que adquiriu nacionalidade portuguesa no final do ano (mais ainda não pôde representar a seleção) e de Alexis Copello (17,24m), o cubano que compete pelo Azerbaijão desde 2017.

Copello era apontado como o favorito para o concurso dos Europeus de Berlim, mas não passou os 16,93m e teve de se contentar com a prata. No último lugar do pódio ficou o grego Dimitris Tsiámis, com 16,78m, apenas mais dois centímetros do que Nazim Babayev, do Azerbaijão.

Évora foi em crescendo na final, conseguindo o melhor salto na quinta e penúltima tentativa. Na primeira e na última, teve saltos nulos. Fez 16,55m no segundo salto, 16,86m no terceiro e 16,87m no quarto, antes de voar para o ouro.

Aos 34 anos, é a confirmação do regresso aos maiores do Mundo. Entre 2010 e 2014, viveu um calvário de lesões que começou com a tíbia direita a acusar o esforço e impacto próprios desta disciplina do atletismo. O ano crítico foi o de 2012, em que foi operado três das cinco vezes (devido a três lesõoes) e, devido a uma infeção causada pelos ferros de amparo à correção do problema físico, esteve quase a ficar sem um perna.

Há dez anos, estava no topo. Sagrava-se campeão olímpico em Pequim (ano em que se estreou a ganhar em pista coberta: campeão Mundial em Valência), um ano depois de ter sido campeão do Mundo em Osaka, sempre ao ar livre. Nos Mundiais, ainda juntou ao currículo a prata em 2009 (Berlim) e o ouro em duas Universíadas (organizada pela Federação Internacional do Desporto Universitário).

Ultrapassada a onda de problemas físicos, Évora voltou lentamente a moldar uma carreira de nível universal. Ouro nos Europeus de pista coberta e bronze nos Mundiais de ar livre em 2015.

Em 2016, opera uma reviravolta na carreira. Deixa o treinador que o acompanhava desde a infância, João Ganço, e começa a ser treinado pela lenda do salto em comprimento, o cubano Ivan Pedroso (entre 1993 e 2001 foi a referência mundial, sendo campeão olímpico em Sydney 2000, além de tetracampeão ao ar livre e pentacampeão em pista coberta). Foram dias agitados em outubro de 2016, mês em que deixa o Benfica (1996-2006, com um interregno de dois anos, 2002 e 2003, no FC Porto) e se muda- para o rival Sporting.

A mudança significou que Nelson Évora fosse viver e treinar para a zona de Madrid, orientado por Pedroso. “Agora, tenho um grupo de treino em que são todos Ferraris. Nenhum dos meus colegas de treino é um atleta mediano, são todos atletas com capacidade para fazer coisas incríveis todos os dias”, disse na altura.

E a verdade é que 2017 demonstrou o acerto nas mudanças que efetuou na carreira. Salta para o ouro nos Europeus de pista coberta e para o bronze nos Mundiais de ar livre. E este ano já tinha conseguido o bronze nos Mundiais de pista coberta.

Depois do Mundo (Olímpicos e Mundiais de ar livre em 2008), dez anos depois o atleta nascido a 26 de abril de 1984 na Costa do Marfim, para onde tinham ido trabalhar os pais cabo-verdianos (veio para Portugal aos cinco anos e pouco depois conheceu a família Ganço através de Davide, filho de João, vizinho de prédio), conquistou finalmente o Europeu de ar livre.

Era o título que lhe faltava, mas há ainda os Jogos Olímpicos de Tóquio para tentar repetir o título de há dez anos e, sobretudo, um objetivo que definiu nesta nova fase da carreira: bater o recorde nacional do triplo salto. Que, quando o prometeu, era dele (Osaka 2007) e estava em 17,74m, mas é hoje de 17,95m, estabelecido pela nova estrela da disciplina em Portugal: o luso-cubano Pedro Pichardo conseguiu esta marca na Liga Diamante, em maio, no Qatar.

Para já, fecha a ouro uns Europeus que abriram com ouro: Inês Henriques conquistou a primeira prova de 50km marcha de uns Europeus, depois de já ter conseguido vencer a primeira corrida desta distância nos Mundiais 2017.

Medalhas: 7 de ouro em 12

Jogos Olímpicos

Ouro, Pequim 2008

Mundiais

Ouro, Osaka 2007

Prata Berlim 2009

Bronze, Pequim 2015

Bronze, Londres 2017

Mundiais pista coberta

Bronze, Valência 2008

Bronze, Birmingham 2018

Europeus

Ouro, Berlim 2018

Europeus pista coberta

Ouro, Praga 2015

Ouro, Belgrado 2017

Universíadas

Ouro, Belgrado 2009

Ouro, Shenzen 2011

 

FONTE António Pedro Pereira DN.PT

FOTO © REUTERS/Kai Pfaffenbach

Fonte da Notícia
DN.PT
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