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Incêndios matam pelo menos 74 pessoas na Grécia. “Quando viram que o fim se aproximava, abraçaram-se”

Autoridades falam em fogo posto em diversas frentes em simultâneo. Atenas declarou três dias de luto.

Pelo menos 74 mortos e mais de uma centena de feridos — alguns em estado grave — é o balanço mais recente dos incêndios florestais que estão a consumir hectares perto de Atenas, capital da Grécia, desde o início da tarde de segunda-feira. Entre os feridos estão 16 menores.

Os ventos fortes que se fazem sentir na região — e que mudam de direcção constantemente — estão a dificultar o combate às chamas, que continuam fora de controlo. A temperatura rondava os 40 graus Celsius. As autoridades já os consideram os maiores incêndios da última década em território grego.

A última actualização do número de mortos foi feita pelos bombeiros no local, segundo cita a agência AFP.

PÚBLICO -

No início da tarde, o presidente da câmara de Rafina, Evangelos Bournous, já tinha admitido que o número de mortos podia aumentar. “O número de mortos já ultrapassou as 60 vítimas e continua a subir”, disse o autarca.

“O fogo avançou muito depressa através do vale e os ventos eram muitos fortes. Ninguém esperava que, em tão pouco tempo, o fogo fosse tão longe”, disse Panos Kalfantis, autarca da câmara de Rafina, contactado por telefone pela agência Lusa. A rapidez das chamas e as “estradas estreitas” ditaram a morte de várias pessoas que “morreram queimadas nos carros”. Outras, conta o autarca, tardaram em abandonar as casas e quando o quiseram fazer “já era tarde”.

A Cruz Vermelha encontrou 26 corpos num hotel, na cidade de Mati, a 29 quilómetros de Atenas. “A guarda costeira grega recuperou quatro corpos no mar Egeu. A maioria das vítimas foi encurralada pelas chamas em casa e dentro de carros. Um dos mortos é um bebé de seis meses.“

Em Mati, junto ao mar Egeu, muitos corpos carbonizados estavam abraçados. “Tentaram encontrar uma forma de fugir, mas, infelizmente, estas pessoas e os seus filhos não conseguiram. Quando viram que o fim se aproximava, abraçaram-se”, disse o chefe da Cruz Vermelha grega, Nikos Economopoulos, à televisão grega local Skai TV.

Os incêndios destruíram dezenas de casas e obrigaram à retirada de muitas pessoas com a ajuda de helicópteros e barcos. Dezenas de pessoas fugiram para o mar e há imagens da população à procura de refúgio junto à costa. Vídeos recolhidos pelos residentes mostram as estradas rodeadas pelas chamas.

“Mati já não existe no mapa”, disse uma das sobreviventes em declarações à televisão grega sobre um dos populares destinos do país, que nesta altura atrai turistas à região. “Vi cadáveres e carros completamente queimados e destruídos. É uma sorte estar viva.” Mati é uma zona especialmente procurada por pensionistas e com campos de férias para crianças.

“Felizmente conseguimos fugir para o mar, porque as chamas estavam a perseguir-nos. Sentia as costas a queimar enquanto fugia”, contou Kostas Laganos, também sobrevivente.

As autoridades têm montada uma operação de busca e resgate de um grupo de dez turistas que fugiu das chamas de barco, conta a BBC.

Na segunda-feira à noite o fumo tinha chegado à capital grega. Vítor Vicente, professor de Português na Universidade de Atenas, onde vive há 18 anos, disse ao PÚBLICO que a atmosfera está agora “mais leve”. “Nota-se um alívio. O ar estava bastante pesado na segunda. Hoje está apenas mais nublado.”

Em 2007, lembra, a cinza dos incêndios no Peloponeso, no Sul do país, chegou-lhe à varanda de casa, apesar de os fogos estarem mais distantes da cidade. O tipo de vegetação que ardeu nesse ano terá tido influência na propagação de fumo.

Embora considere que a Grécia já está “habituado a este tipo de fenómenos”, diz que a população foi “surpreendida”, uma vez que “o Verão não estava a ser muito quente”. O professor de Português lembra que em 2007 ardeu uma grande extensão florestal, mas as zonas afectadas tinham uma menor densidade populacional. Ainda assim, o número de mortos ultrapassou as sete dezenas.

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, que se encontrava numa visita oficial à Bósnia-Herzegovina, antecipou o regresso à Grécia. “É uma noite difícil para a Grécia”, disse a partir do Centro de Coordenação Unificado, onde está a acompanhar a situação. “Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para controlar os incêndios”, garantiu.

Já esta terça-feira, o primeiro-ministro grego anunciou três dias de luto nacional. “O país está a atravessar uma tragédia enorme. A Grécia está de luto”, afirmou Alexis Tsipras, numa declaração ao país.

Fogo posto?

O ministro da Administração Interna, Nikos Toskas, admite que os incêndios podem ter sido provocados e pede cautela aos cidadãos. “Pelo menos 15 incêndios começaram ao mesmo tempo, em três diferentes frentes”, disse  o porta-voz do Governo, Dimitris Tzanakopoulos.

A agência nacional de Protecção Civil grega fala em “tragédia nacional”. Os números de emergência estão a receber dezenas de chamadas a dar conta de pessoas desaparecidas.

As autoridades gregas já declararam o estado de emergência e o país pediu a ajuda europeia. Itália, Alemanha, Polónia e França já enviaram meios aéreos, terrestres e humanos. Chipre e Espanha também ofereceram ajuda. A Reuters dá conta de um drone norte-americano que sobrevoa a zona, à procura de actividades suspeitas.

O ministro português da Administração Interna, Eduardo Cabrita, anunciou que vai enviar “para já cerca de 50 elementos da força especial de bombeiros”. Os bombeiros portugueses devem partir entre esta terça-feira e esta quarta-feira.

A Grécia não sofria tanto com os incêndios florestais desde 2007, ano em que as chamas mataram 77 pessoas no Sul do país.

O clima seco que se faz sentir por esta altura na região torna os incêndios florestais um problema recorrente na Grécia, que este ano foi intensificado por um Inverno pouco chuvoso.

Ao PÚBLICO o Governo português disse estar a acompanhar a situação através da embaixada em Atenas, que por sua vez “está em diálogo com as autoridades gregas”. Fonte do gabinete de comunicação da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas acrescenta que existem pelo menos 740 portugueses a residir na Grécia. Somam-se a estes turistas portugueses que podem estar na região dos incêndios.

Fonte da Notícia
PUBLICO.PT
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