Cultura

Hoje é dia de manifestação de professores, no próximo mês podem regressar as greves

A contagem de apenas parte do tempo de serviço durante os anos em que as carreiras estiveram congeladas é o principal foco de descontentamento. Sindicatos esperam "dezenas de milhares" de professores em Lisboa

Dez anos depois da manifestação de Março de 2008, que entrou para a história como o maior protesto de professores, com cerca de 100 mil nas ruas, ninguém acredita que o descontentamento da classe se volte a expressar com a mesma dimensão. Ainda assim, são dezenas de milhares de docentes que as organizações sindicais esperam ver este sábado a desfilar entre o Marquês de Pombal (concentração às 15h00) e o Rossio.

Dez anos depois há muito menos professores no sistema e, provavelmente, também uma menor convicção de que os motivos que levam os professores a protestar venham a ser atendidos na íntegra pelo Governo.

Ainda assim, Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, acredita que a manifestação vai contar com a presença de “dezenas de milhares” de professores. A expectativa reside em parte no facto de estar assegurado o aluguer de mais de 200 autocarros, transportando maioritariamente quem vem do Norte e do Centro. “Esperamos um mar de gente na praça do Marquês de Pombal e uma Avenida da Liberdade completamente cheia”, antecipa o dirigente sindical. Tal como em 2008, todas as organizações sindicais aderiram ao protesto.

Em causa está sobretudo a contagem dos “9 anos, quatro meses e dois dias de serviço” em que o tempo esteve congelado, para efeitos de progressão na carreira e atualização salarial. Se no final do ano passado, com muita pressão e muitas horas de negociação, os sindicatos levaram os ministérios da Educação e das Finanças a assinarem uma declaração comprometendo-se a contar o tempo de serviço, tal como ia ser feito com as carreiras gerais da Administração Pública, o desenrolar das mesmas negociações veio a revelar-se um verdadeiro balde de água fria para os sindicatos.

Na última proposta apresentada, o Governo disse estar disponível para recuperar dois anos e dez meses dos últimos sete anos de congelamento (janeiro de 2011 a dezembro de 2017). “Neste ponto somos inflexíveis. O tempo de serviço prestado, tal como ficou determinado na lei do Orçamento e no compromisso assumido pelo Governo, é para contar. O que temos de negociar é o prazo em que vai acontecer e o modo”, reforça Mário Nogueira.

Além do protesto “contra o apagão do tempo de serviço”, as dez estruturas sindicais colocam outros pontos na agenda do descontentamento. É que questões como os horários de trabalho que os professores têm de fazer (muito além das 35 horas semanais, garantem), o desgaste da profissão e a exigência de um regime especial de aposentação e o envelhecimento acentuado da classe (mais de metade têm mais de 50 anos) também deviam ser negociados com o Ministério. Só que até agora, apesar de várias reuniões, nada de concreto foi avançado, critica Mário Nogueira.

Ontem ficou a saber-se que o ministro da Educação agendou uma nova reunião com os sindicatos para 4 de junho. E esse será um encontro decisivo. “A manifestação é o último grito de alerta. Se até à reunião com o ministro e no final deste encontro não resultar nenhum sinal concreto, provavelmente vamos recorrer à greve ainda este ano letivo”, podendo coincidir com as avaliações e os exames, antecipa o secretário-geral da Fenprof. Os sindicatos exigem que o Ministério da Educação “assuma as suas responsabilidades, deixando de ser uma mera delegação das Finanças”.

Independentemente da dimensão dos protestos, a circulação estará condicionada ao longo da tarde na zona entre o Marquês de Pombal e o Rossio e também no túnel de acesso, já que essa é uma das localizações possíveis para o estacionamento dos autocarros.

FONTE Isabel Leiria
EXPRESSO.SAPO.PT

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