Hipertensão: não basta reduzir sal, é preciso consumir mais potássio

Manual explica importância da ingestão de um mineral ignorado, o potássio, na prevenção e redução da hipertensão arterial. Conselhos: é preciso apostar nas sopas de hortícolas, nos ensopados, e preferir fruta a pudins

Depois da batalha pela redução da ingestão de sal, e num país onde mais de um terço da população adulta é hipertensa, os responsáveis pelos programas nacionais da alimentação saudável e das doenças cérebro-cardiovasculares juntaram esforços e lançam nesta terça-feira um manual que visa chamar a atenção para a importância de um nutriente, o potássio, “na regulação da pressão arterial”.

Se a mensagem de que se deve consumir menos de cinco gramas de sal por dia tem passado para a população em sucessivas campanhas, o alerta para a importância do consumo de níveis adequados de potássio é novo, sendo este mineral essencial na redução da pressão arterial “frequentemente esquecido”.

O manual agora lançado — e que pode ser consultados no site da Direcção-Geral da Saúde (DGS), em www.nutrimento.pt — apresenta “pela primeira vez em Portugal” uma revisão das relações entre o sódio (sal), o potássio e a saúde cardiovascular, nomeadamente o efeito do potássio na hipertensão arterial, sublinha-se no prefácio.

“As recomendações nutricionais continuam a centrar-se na redução do consumo de sal, mas a relação entre alimentação e pressão arterial não se limita ao sal. O potássio tem um papel muito importante na redução da pressão arterial, é uma espécie de protector cardíaco”, explica Pedro Graça, director do Programa Nacional para a Alimentação Saudável da DGS.

A ideia é continuar a reduzir a ingestão de sal, mas aumentar o consumo de potássio em simultâneo, uma vez que este nutriente permite contrariar em parte o impacto que o sal a mais tem. O seu consumo adequado é fundamental para regular “os efeitos pressores da ingestão de sódio”, explica-se no manual. Além disso, o balanço de sódio e potássio é “essencial na manutenção do equilíbrio hidroelectrolítico, do volume sanguíneo e da actividade celular”.

O manual inclui uma série de receitas em que o balanço sódio/potássio é o adequado (como sardinha grelhada com batata e couve-portuguesa cozidas), ao mesmo tempo que integra alguns maus exemplos, como um bacalhau à Brás face a uma feijoada de castanhas (sendo esta última a boa opção), ou um croquete em comparação com um caldo-verde. “Há pratos protectores e pratos malfeitores”, ironiza Pedro Graça. A fórmula para se chegar a este equilíbrio nem sequer é complicada. Basta seguir o nosso padrão alimentar mediterrânico, “que pode fornecer quantidades apreciáveis de potássio de forma barata, saborosa e facilmente disponível”.

Há alimentos nos quais podemos encontrar mais potássio, como nas leguminosas, hortícolas, fruta (como banana, kiwi, nêsperas), cereais integrais, tubérculos e frutos oleaginosos (amêndoas, pinhões, nozes, entre outros). Mas, avisa-se, para os que não são consumidos crus são precisos métodos de confecção que conservem a água de cozedura. Deve-se ainda diminuir a quantidade desta água e também de sal adicionado, de forma a minimizar as perdas de potássio. Também se deve preferir o uso de ervas aromáticas ao sal e apostar nos estufados.

Para se obter uma refeição com um adequado rácio de sódio/potássio, aconselha-se, além do arranque com sopa, que se inclua hortícolas como um dos acompanhamentos e se termine a refeição com fruta.

FOTO Nuno Ferreira Santos

FONTE ALEXANDRA CAMPOS PUBLICO.PT

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