Aviação – ANA diz que pista a encerrar em Lisboa vale menos de 1% dos movimentos

Fecho da pista 17/35 faz parte do acordo entre o Governo e a concessionária para desenvolver a nova infra-estrutura no Montijo

O encerramento da pista 17/35, uma das duas que compõem o aeroporto Humberto Delgado, faz parte do acordo que está prestes a ser assinado entre a ANA, concessionária dos aeroportos em Portugal, e o Governo.

Para já, nenhuma das partes se pronuncia oficialmente sobre o tema, levantado por Marques Mendes neste domingo à noite na SIC, com o Ministério do Planeamento e Infra-estruturas a afirmar apenas que “as negociações entre o Estado e a ANA estão na recta final, mas ainda não há acordo” (tal como o primeiro-ministro já tinha adiantado na semana passada).

Por parte da ANA, a empresa do grupo francês Vinci não deixou de sublinhar ao PÚBLICO que “a pista 17/35 é utilizada para menos de 1% dos movimentos (aterragens ou descolagens)” no aeroporto Humberto Delgado e que já “tem sido encerrada temporariamente para serem criados os espaços de estacionamento de aeronaves que o aeroporto tem precisado para receber o aumento de tráfego durante os últimos anos”.

“O encerramento permanente da pista, decisão que não compete à ANA, é imprescindível para a realização de um conjunto relevante de investimentos que permitirão ganhar eficiência e capacidade, através da criação de novas áreas de estacionamento, novos caminhos de circulação de aeronaves e transferes, além de permitir relocalizar do AT1 [Figo Maduro, ligado à Força Aérea], optimizando o espaço no aeroporto de Lisboa”, destaca a empresa.

A ANA garante ainda que o fecho da pista “permitiria manter ou melhorar a segurança das operações aeroportuárias segundo as conclusões de um estudo da Eurocontrol que fez uma avaliação de segurança adicional, considerando a proximidade da pista do terminal de passageiros assim como os riscos inerentes às pistas cruzadas [podendo-se usar apenas uma de cada vez]”.

Quem também tem defendido o fecho da pista, cujas obras poderão começar no ano que vem, são as transportadoras aéreas, como a TAP, Easyjet e Ryanair, já que isso dará espaço para crescerem as suas operações.

Pilotos contra o fecho

Em sentido contrário têm estado os pilotos, alertando que a pista é usada como alternativa em determinadas ocasiões de ventos fortes. Sem essa pista, e pelo menos até ao momento em que o Montijo esteja pronto – previsivelmente em 2022 – os aviões terão de ser reencaminhados para o Porto ou Faro se não tiveram condições de segurança para aterrar.

A cedência do Governo nesta matéria – até aqui o executivo não tinha permitido o fecho da pista -, que trará mais receitas à ANA (por via do aumento do tráfego, e das taxas cobradas), apresenta-se como uma contrapartida aos investimentos que a empresa terá de fazer para viabilizar a infra-estrutura complementar do Montijo (e que passa a estar incluída no contrato que concede a concessão dos aeroportos por 50 anos, assinado no final de 2012). E resta saber se haverá ou não novidades em termos das tarifas cobradas pela ANA em Lisboa. Ao PÚBLICO, fonte oficial da TAP afirmou que “apoia qualquer iniciativa que aumente a capacidade do aeroporto da Portela desde que não aumente a base de custos”.

Falta impacte ambiental

Este domingo, Marques Mendes falou não só do fecho da pista como colocou a fasquia do investimento da ANA nos mil milhões de euros, entre Montijo e Humberto Delgado (a maioria será no Montijo, já que só para a deslocalização da Força Aérea da área em questão serão precisos quase 400 milhões, a que se soma o valor das obras, incluindo as medidas para minimizar o impacte ambiental).

Na semana passada, quando falou do tema do Montijo numa cimeira sobre turismo, o primeiro-ministro sublinhou que, após a conclusão das negociações só ficaria a faltar “a decisão em matéria de impacte ambiental para que a decisão seja irreversível”. Algo que ainda deve demorar algum tempo, já que a primeira tentativa da ANA não resultou, depois de a comissão de avaliação, coordenada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), ter identificado várias falhas no estudo de impacte ambiental (EIA) feito a pedido da ANA.

A 25 de Julho, conforme informou ao PÚBLICO a APA, este organismo recebeu uma carta “a referir a necessidade de aprofundamento do EIA e sua resubmissão [por parte da ANA] ao Governo, pelo que nesta data a APA procedeu ao encerramento do mesmo”.

Fonte da Notícia
PUBLICO.PT
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