Manuel Gonçalves, 77 anos, vive numa das povoações do concelho de Castro Marim, no Algarve, onde a rede pública de abastecimento de água não abrange as casas
TIAGO MIRANDA
s quatro mosaicos soltos no chão da cozinha tapam o maior luxo que Manuel tem em casa: um furo. Primeiro veio o furo, depois a casa. Pagou 110 contos para o mandar fazer há 40 anos e ainda hoje dele depende. Todos os dias e várias vezes ao dia, carrega no interruptor da bomba que puxa a água desde o furo até ao depósito na horta. Para tomar banho, Manuel sai para a rua, segue até ao anexo onde tem a casa de banho, sobe a um escadote para abrir a torneira de segurança no teto e só então a água começa a correr.
A essa sua água junta a que vem do depósito da autarquia no cimo do monte e que lhe chega por uma torneira montada no quintal. Só que esse furo comunitário abastece toda a povoação e assim que o verão algarvio chega ela escasseia.
A casa de Manuel Gonçalves, 77 anos, ainda não tem água canalizada da rede pública. Ele e a mulher, Catarina, habituaram-se à gestão complexa de quem vive dependente de furos, bombas e despesas de eletricidade para as pôr a funcionar, depósitos que não podem ficar vazios, bicas e chafarizes com água não tratada e de poços que foram secando. Ali em Alta Mora, povoação na serra no concelho de Castro Marim, no Algarve, ainda não chegou a rede das Águas do Algarve. Só chegaram as promessas…………….
FONTE Raquel Albuquerque Tiago Miranda EXPRESSO.SAPO.PT