Tecnologia

A tecnologia portuguesa que ajuda a comunicar com pacientes como Stephen Hawking

Uma das limitações mais dolorosas que sofrem aqueles que padecem de doenças neuromusculares é que, à medida que vão perdendo a capacidade de se moverem, desaparece também a possibilidade de comunicarem com aqueles que os rodeiam.

Por exemplo, os pacientes de ELA (a mais conhecida deste tipo de doenças por ser aquela de que padecia o físico britânico Stephen Hawking) não são afetados em momento algum nos seus órgãos sensoriais ou nas suas faculdades intelectuais e, no entanto, podem sentir-se isolados do mundo. Apesar de poderem receber e interpretar todos os estímulos, até recentemente estavam muito limitados na sua capacidade de dar respostas e fazer-se entender. Principalmente no que se refere à linguagem oral, a mais comum. As novas tecnologias estão a ajudar muitas dessas pessoas. A voz metálica e sintetizada de Stephen Hawking ficou muito conhecida.

Foi ouvido em conferências, entrevistas e até spots publicitários. A sua imagem pública era inseparável do seu sofisticado sistema de comunicação que incorporava um computador e um monitor para a sua cadeira de rodas. Mas mesmo um sistema tão avançado tem a desvantagem de ser demasiado volumoso pelo seu tamanho. É por isso que, quando Ivo Vieira, engenheiro português, recebeu a notícia de que o seu pai tinha sido diagnosticado com ELA, tentou ajudá-lo com o conhecimento tecnológico acumulado durante os seus 16 anos de experiência no setor aeroespacial. “Depois do impacto da notícia”, disse Vieira numa entrevista, “quis transformar esse trágico acontecimento em algo que fizesse sentido, em algo de bom. Por isso, comprometi-me com a ideia de mudar a vida de milhares de pessoas em todo o mundo. Temos o conhecimento, temos a experiência e temos a motivação para o fazer.” Esse compromisso tomou forma com o EyeSpeak, uns óculos desenhados especificamente para pessoas com dificuldades de comunicação devido a problemas motores.

O sistema consiste nuns óculos de realidade aumentada que projetam um teclado virtual no campo de visão do utilizador enquanto uma microcâmara focada na pupila identifica a tecla que está a ver. Quando acabar de digitar a palavra ou frase que deseja, pressiona na tecla “Falar” e um pequeno alto-falante reproduz o que escreveu. Vieira acredita que a sua ideia oferece grandes vantagens em relação aos sistemas atuais: primeiro, não precisa de ser ligado a um computador, por isso é mais portátil e segundo, se o utilizador mudar de posição não requer uma nova calibração. Simplificando, é um sistema autenticamente móvel. Vieira acredita que dispositivos como o seu proporcionam avanços que mudarão radicalmente a forma que temos para nos comunicarmos dentro de muito pouco tempo e prevê: “os smartphones que usamos agora desaparecerão dentro de cinco ou dez anos”.

Fonte da Notícia
Diário de Notícias
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